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Sobrevivencialimo Urbano: Vitimologia, a mente das ovelhas


Nós preparadores e combatentes urbanos sempre buscamos ao máximo entender o perfil da vítima, para que assim possamos compreender o que as tornam tão atrativas para os predadores sociais.


Hoje nesta matéria vamos conhecer a vitimologia que é o estudo da vítima no que se refere à sua personalidade, assim como veremos os diferentes perfis de vítimas.



História e conceito

Como vimos em outras postagens muitas pessoas por desconhecimento em autodefesa e prevenção se tornam alvos extremamente atraentes para  agressores e criminosos, por meio de roupas e adereços chamativos, atitudes irresponsáveis e displicentes  em relação a segurança pessoal ou da sua residência, ou ainda o apego a crenças de negação do tipo: Isso nunca vai acontecer comigo. A vitimologia é o estudo da vítima no que se refere à sua personalidade, quer do ponto de vista biológico, psicológico e social, quer o de sua proteção social e jurídica, bem como dos meios de vitimização, sua inter-relação com o vitimizador e aspectos interdisciplinares e comparativos. É o ramo da criminologia que se ocupa da vítima direta do crime e que compreende o conjunto de conhecimentos biológicos, sociológicos e criminológicos concernentes à vítima. A Vitimologia, com a finalidade de estudar a relação vítima-criminoso no fenômeno da criminalidade, surgiu a partir de 1947. Benjamim Mendelsohn, advogado israelense, e Hans Von Henting, professor alemão, quando exilado nos Estados Unidos, são considerados os pioneiros da Vitimologia.

     

Estudos de vitimologia demonstram que as vítimas podem ser ‘colaboradoras’ do ato criminoso, chegando-se a falar em ‘vítimas natas’ (personalidades insuportáveis, criadoras de casos, extremamente antipáticas, pessoas sarcásticas, irritantes, etc.). Quem vive mostra, entre outros casos como dito acima. Entenda, o objetivo deste estudo científico não é justificar a ação criminosa, mas entender como agem as vitimas em potenciais para que possamos evitar tais atitudes em nosso dia a dia. Eu conheci uma moça certa vez, que tinha feito vários boletins de ocorrência de celulares que teve e foram furtados e conversando com ela  vi que ela achava a coisa mais natural do mundo, ela não via qualquer relação de sua total falta de vigilância com seus bens e de sua segurança com os fato do ocorrido. Esse tipo de pessoa não entende que uma vez o criminoso vendo a facilidade de um crime, e de uma vitima tão  e observando um alvo tão atrativo um crime pode evoluir para outro pior. Por exemplo, já vi alguns casos onde o o estuprador confessar ao se preso que a intenção dele inicial era pegar e o objeto e sair correndo, mas vendo a vitima tão desligada conversando no celular na rua em local sem qualquer movimentação  de madrugada se sentiu seguro para aborda-la e leva-la para outro local e estupra-la.




Classificação segundo Benjamin Mendelsohn


Benjamim Mendelsohn, advogado israelense, e Hans Von Henting, professor alemão, quando exilado nos Estados Unidos, são considerados os pioneiros da Vitimologia. A primeira classificação existente que vamos abordar aqui é a do próprio fundador da Criminologia, indicando como dito acima que o objetivo fundamental da disciplina é a existência de menos vítimas em todos os meios da sociedade, sempre que a sociedade estiver honestamente interessada na solução do problema. Benjamin Mendelsohn destaca três grupos principais de vítimas: a Inocente, a Provocadora e a Agressora. As vítimas Inocentes ou ideais são aquelas que não tem participação, ou se tiverem, a mesma será ínfima na produção do resultado. A vítima Provocadora, por sua vez, é responsável pelo resultado e pode ser caracterizada por provocadora direta, imprudente, voluntária e ignorante. A vítima Agressora pode ser considerada uma falsa vítima em razão de sua participação consciente, praticamente como co-autora do resultado pretendido pelo agente. Assim, tais vítimas são classificadas como: (a) vítima completamente inocente; (b) vítima menos culpada que o delinquente; (c) vítima tão culpada quanto o delinquente; (d) vítima mais culpada que o delinquente e (e) vítima como única culpada.


a) Vítima completamente inocente


Também chamada de vítima ideal. É aquela que não tem nenhuma participação no evento criminoso, o delinquente é o único culpado. Ex: sequestro, roubo qualificado, terrorismo, vítima de bala perdida, infanticídio, etc.


b) Vítima menos culpada que o delinquente


Também conhecida como vítima por ignorância. Trata-se daquela que contribui de alguma forma para o resultado danoso do evento. Ex: Pessoa que frequenta locais perigosos expondo seus objetos de valor.


c) Vítima tão culpada quanto o delinquente


Vítima chamada de provocadora, pois sem a participação ativa da vítima, o crime não teria ocorrido. Ex: corrupção, sedução, rixa, etc.


d) Vítima mais culpada que o delinquente


Nesse caso, a participação da vítima foi maior ou mais intensa do que a do próprio autor. Ex: lesões corporais e homicídios privilegiados cometidos após injusta provocação da vítima.


e) Vítima como única culpada


Nestes casos a vítima constitui-se a única pessoa culpada do evento criminoso. Comum nos crimes culposos. Ex: Indivíduo embriagado que atravessa avenida movimentada, ou também no caso da legítima defesa.


Classificação segundo Hans Von Henting


O professor alemão Hans Von Henting, radicado nos Estados Unidos, já vinha aprofundando seu conhecimento com a problemática da vítima. Em 1941, publicou trabalho em que propôs uma concepção dinâmica e interacionista da vítima, não só como sujeito passivo do delito, mas também como sujeito ativo, que contribui para a gênese e execução do crime. Hans Von Henting com a obra “O criminoso e sua vítima”, escrito em 1948, em vez de falar em Vitimologia, usa o termo Vitimogênese.


É com este estudo, portanto, que Von Henting desenvolve a relação criminoso-vítima, colocando esta última como elemento preponderante e decisivo na realização do delito, em que, consciente ou não, coopera, provoca ou conspira para a ocorrência do crime. A noção de vítima e Vitimologia de Mendelsohn supera a de Von Henting, embora não tenha ficado imune às críticas. Porquanto discorrera sobre sua concepção ampla e abrangente, não se restringindo à vítima do crime, apenas Mendelsohn buscou levar a vitimologia como um ramo independente da criminologia, com investigação e objeto próprio, pelo que parte substancial da doutrina o considera como o pai da Vitimologia.


Hans Von Henting conclui a classificação das vítimas da seguinte forma:


1. Vítima isolada. A vítima neste caso vive na solidão, não se relacionando com outras pessoas. Em decorrência desse meio de vida ela se coloca em situações de risco.


2. Vítima por proximidade. Este grupo de vítimas subdivide-se em: a) Vítima por proximidade espacial, que se torna vítima pelo fato de estar em proximidade excessiva do autor do delito em um determinado local, como ocorre nos casos de furto no interior de um ônibus; b) Vítima por proximidade familiar, a qual ocorre no núcleo familiar, como pode ser visto no caso do parricídio, em que o filho mata seu próprio genitor; c) Vítima por proximidade profissional, que geralmente ocorre no caso de atividades profissionais que requerem um estreitamento maior no relacionamento profissional, como no caso do Médico.


3. Vítima com ânimo de lucro. São taxadas dessa forma as vítimas que pela cobiça, pelo anseio de se enriquecer de maneira rápida ou fácil, acabam sendo ludibriadas por estelionatários ou vigaristas.


4. Vítima com ânsia de viver. Ocorre com o indivíduo que, com o fundamento de não ter aproveitado sua vida até o presente momento de uma forma mais eficaz, passa a experimentar situações de aventura até então não vividas, que o colocam em situações de risco ou perigo.


5. Vítima agressiva. Neste caso a vítima se torna agressiva em decorrência da agressão que sofre do autor da violência, chegando a um nível de não suportar mais a agressão sofrida, ela irá rebater tal ato de modo hostil.


6. Vítima sem valor. Trata-se da vítima que em decorrência de seus atos, não recomendáveis praticados perante a sociedade, acaba sendo indesejada ou repudiada no meio em que vive. Por praticar certos atos, este indivíduo vem a sofrer agressões físicas, verbais, ou até mesmo podendo ser morto. Um exemplo clássico desse tipo de vítima é o caso do estuprador ou assassino que é morto pela comunidade, pela polícia, ou por sua própria vítima.


7. Vítima pelo estado emocional. Essas vítimas são qualificadas desta forma em decorrência de seus sentimentos de obsessão, medo, ódio ou vingança que vem a sentir por outras pessoas.


8. Vítima por mudança da fase de existência. O indivíduo passa por várias fases em sua vida, sendo que ao mudar para certa fase de sua existência, poderá se tornar vítima em consequência de alguma mudança comportamental relacionada com alguma das fases.


9. Vítima perversa. Enquadram-se nesta modalidade de vítimas os psicopatas, pessoas que não possuem limite algum de respeito em relação às outras, tratando-as como se fossem objetos que podem ser manipulados.



10. Vítima alcoólatra. O uso de bebidas alcoólicas é um dos fatores que mais leva pessoas a se tornar vítimas, sendo que na maioria dos casos acabam resultando em homicídios.


11. Vítima depressiva. Ao atingir um determinado nível, a depressão poderá ocasionar a vitimização do indivíduo, pois poderá levar a pessoa à autodestruição.


12. Vítima voluntária. São as pessoas que, por não oporem resistência à violência sofrida, acabam permitindo que o autor do delito o realize sem qualquer tipo de obstáculo. Casos que exemplificam esse tipo de vítima são os crimes sexuais ocorridos sem a utilização de violência.


13. Vítima indefesa. Denominam-se vítimas indefesas as que, sob o pretexto de que a persecução judicial lhes causaria maiores danos do que o próprio sofrimento resultante da ação criminosa, acabam deixando de processar o autor do delito. São vistos tais comportamentos geralmente nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens.


14. Vítima falsa. São taxadas de falsas vítimas as pessoas que, por sua livre e espontânea vontade, se auto vitimam para que possam se valer de benefícios.


15. Vítima imune. São consideradas dessa forma as pessoas que, em decorrência de seu cargo, função, ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive acham que não estão sujeitas a qualquer tipo de ação delituosa que possa transformá-las em vítimas. Um exemplo é o padre.


16. Vítima reincidente. Neste caso a pessoa já foi vítima de um determinado delito, mas mesmo após ter passado por tal episódio, não toma qualquer tipo de precaução para não voltar a ser vitimizada.


17. Vítima que se converte em autor. Nesta hipótese ocorre a mudança de pólo da violência. A vítima que era atacada pelo autor da agressão se prepara para o contra-ataque. Um exemplo clássico é o crime de guerra.


18. Vítima propensa. Ocorre com as pessoas que possuem uma tendência natural de se tornarem vítimas. Isso pode decorrer da personalidade deprimida, desenfreada, libertina ou aflita da pessoa, sendo que esses tipos de personalidade podem de algum modo contribuir com o criminoso.


19. Vítima resistente. Por não aceitar ser agredida pelo autor, a vítima reage e passa a agredi-lo da mesma forma, sempre em sua defesa ou em defesa de outrem, ou também no caso de cumprimento do dever. Neste caso há sempre a disposição da vítima em lutar com o autor.


20. Vítima da natureza. São pessoas que se tornam vítimas em decorrência de fenômenos da natureza, como no caso de uma enchente, um terremoto etc.


Existem diversas outras formas de classificações de acordo com cada doutrinador, trouxemos apenas estas mais conhecidos para que você possa conhecer a diversalidade dos perfis de vítimas.



CONCLUSÃO


Como vimos estudo científicos sobre perfis de vítimas podem ser muito útil, pois podemos analisar possíveis erros que podemos cometer de maneira inocente nos tornando alvos atraentes a criminosos e agressores.


Estude e analise os principais tipos de vitimas e consequentemente também estará entendendo a forma que os predadores urbanos selecionam as suas presas. Bons estudos, Semper fie.

Vida de ovelha não é fácil, não é?


Dúvidas? Sugestões? Deixem nos comentários. E nos ajude a lutar por uma internet livre onde possamos aprender e compartilhar conhecimento, sem restrição.

Prof. Marcos Antônio Ribeiro dos Santos


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