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Mente predatória coletiva: Quando as ovelhas se tornam perigosas


Em nossas postagem sempre falamos sobre os seres humanos dóceis que preferem ser guiados por outras pessoas, e não gostam de lutar para se proteger, mesmo que sua vida corra risco ou de sua família, preferindo delegar essa responsabilidade a terceiros. Mas nem por isso essas ovelhas deixam de oferecer perigo, pois tudo que elas represam, toda a negação da violência explode como um verdadeiro vulcão quando elas então em grupo.


E essa força reprimida pode se ver em forma de linchamento, saques a lojas, e até bullying durante algum tipo de situação pública. Ou seja, todo tipo de situação onde ela não possa se responsabilizar nem ser responsabilizada. Esse fenômeno que é amplamente estudado na área da psicologia que abordaremos hoje: A criminologia das multidões.


A fúria das ovelhas

Em 2014 no Guarujá, Fabiane Maria de Jesus confundida com uma suposta sequestradora de crianças que praticava rituais de magia negra foi espancada e morta por populares após boato em rede social é enterrada em Guarujá.



Como podemos ver acima a foto da moça morta e do retrato falado que circula nas redes sociais nada tinham em comum, mas mesmo assim vários populares participaram do linchamento, e outros só assistiram ou filmaram com celular. Veja abaixo a crueldade e frieza da multidão:




Um outro caso que ocorreu há uns dois anos, em 2014 o pedreiro Hugo Neves Ferreira, 45 anos voltando para casa bêbado, foi impedido de entrar pela esposa. Ele tentou pular o portão, mas como estava embriagado acabou ferindo a coxa em uma das lanças do portão e caiu na calçada. Um rapaz na moto que passava e viu ele com a calça suja de sangue começou a gritar: estuprador! Logo apareceu várias pessoas e o espancaram até a morte, mesmo sem saber o que realmente se passava.

Pedreiro Hugo Neves Ferreiro, espancado até a morte após ser confundido com estuprador. São inúmeros casos como esse que podem ser pesquisados na internet, mesmo sem qualquer informação os populares se aproximam e participam como podemos ver nos vídeos abaixo:



Mas como isso acontece? Como pessoas comuns e cidadãos podem saquear lojas, e participar de agressão e homicídios? Simples, o ser humano na sua forma individual se perde no consciente coletivo. A psicologia da multidão, também conhecida como psicologia da turba, é um ramo da psicologia social que estuda esses fenômenos. Este campo se relaciona com os comportamentos e processos de pensamento dos membros individuais da multidão e da multidão como uma entidade. O comportamento da multidão é fortemente influenciado pela perda de responsabilidade do indivíduo e pela impressão de universalidade de comportamento, ambos aumentando com o tamanho da multidão. A maioria das teorias tradicionais argumentam que os indivíduos passam por um processo de desindividualização quando fazem parte de uma multidão, levando a uma perda de autoconsciência, diminuição das inibições sociais e um aumento da impulsividade individual que aumenta sua probabilidade de ofender.

A teoria da desindividualização argumenta que, em situações típicas de multidão, fatores como anonimato, unidade grupal e excitação podem enfraquecer os controles pessoais (por exemplo, culpa, vergonha, comportamento de autoavaliação), distanciando as pessoas de suas identidades pessoais e reduzindo sua preocupação com a avaliação social. Essa falta de restrição aumenta a sensibilidade individual ao ambiente e diminui a previsão racional, o que pode levar a um comportamento antissocial. Teorias mais recentes afirmam que a desindividualização depende de uma pessoa ser incapaz, devido à situação, de ter uma forte consciência de si mesmo como um objeto de atenção. Essa falta de atenção libera o indivíduo da necessidade de um comportamento social normal.



A literatura sobre multidões e comportamento de multidões surgiu já em 1841, com a publicação do livro Extraordinary Popular Delusions e The Madness of Crowds, de Charles Mackay. A atitude em relação às multidões sofreu um ajuste com a publicação do volume de seis volumes de Hippolyte Taine, The Origins of Contemporary France (1875). Em particular, o trabalho de Taine ajudou a mudar as opiniões de seus contemporâneos sobre as ações tomadas pelas multidões durante a Revolução de 1789. Muitos europeus o consideravam em grande estima. Embora seja difícil vincular diretamente suas obras ao comportamento da multidão, pode-se dizer que seus pensamentos estimularam um estudo mais aprofundado do comportamento da multidão. No entanto, foi somente na segunda metade do século XIX que o interesse científico no campo ganhou força. O médico e antropólogo francês Gustave Le Bon tornou-se seu teórico mais influente. Em em 16 de novembro de 1885 se deu inicio a abordagem científica sobre a psicologia de multidões começou em Roma no primeiro Congresso Internacional de Antropologia Criminal.O encontro foi dominado por Cesare Lombroso e seus colegas italianos, que enfatizaram os determinantes biológicos.


Uma abordagem bastante interessante é o sistema de intensidade emocional do sociólogo Herbert Blumer. Ele distingue quatro tipos de público: casual, convencional, expressivo e atuante. Seu sistema é dinâmico por natureza. Ou seja, uma multidão muda seu nível de intensidade emocional ao longo do tempo e, portanto, pode ser classificada em qualquer um dos quatro tipos.


Multidões podem ser ativas ou passivas. Multidões ativas podem ser divididas em grupos agressivos, escapistas, aquisitivos ou expressivos: Multidões agressivas: são frequentemente violentas e focadas externamente. Exemplos são os tumultos de futebol, linchamentos...

Multidões de fugitivos: são caracterizadas por um grande número de pessoas em pânico tentando sair de uma situação perigosa, conhecidas no sobrevivencialismo como "a horda dourada".


Com medo e em busca de recursos como veículos, remédios e comida a população se torna uma horda pior do que a ameaça que esta acontecendo como vimos no filme "Guerra dos mundos". Multidões de aquisitivos: ocorrem quando um grande número de pessoas está lutando por recursos limitados. Uma multidão expressiva: é qualquer outro grande grupo de pessoas reunidas para um propósito ativo.


Ku Klux Klan nos Estados Unidos espalhando terror nos anos setenta.


Le Bon sustentou que as multidões existiam em três estágios: submersão, contágio e sugestão: Submersão: os indivíduos na multidão perdem seu senso de individualidade e responsabilidade pessoal. Isso é bastante induzido pelo anonimato da multidão. Contágio: refere-se à propensão para os indivíduos em uma multidão de seguir inquestionavelmente as ideias e emoções predominantes da multidão. Na visão de Le Bon, esse efeito é capaz de se espalhar entre indivíduos "submersos" como uma doença. Sugestão: refere-se ao período em que as ideias e emoções da multidão são extraídas principalmente de um inconsciente racial compartilhado. Esse comportamento vem de um inconsciente comum arcaico e, portanto, é incivilizado na natureza. É limitado pelas habilidades morais e cognitivas dos membros menos capazes. Le Bon acreditava que as multidões poderiam ser uma força poderosa apenas para a destruição. Além disso, Le Bon e outros indicaram que os membros da multidão sentem um menor senso de responsabilidade legal, devido à dificuldade em processar membros individuais de uma multidão.


Se observarmos pelo ponto de vista da psicanálise de Sigmund, veremos que todos nós temos duas formas impulso: Eros (impulso da vida, da criação: que se referem aos nossos impulsos ligados a satisfação do prazer) e Tanathos (impulso da morte, destruição), impulsos represados que mal direcionados se transformam em atos de agressão e violência. O povo ovelha são conhecidos pela sua fraqueza no mundo real, devido a isso sempre buscam refugio no mundo imaterial, seja pela filosofia, religião ou alguma forma de escapismo. Então os seus impulsos ficam represados e quando tem chance de romperem as barreiras dentro de atos coletivos, essa energia destruidora sai com força total sem se importar com a razão, apenas o prazer de liberar o primitivismo, nesse caso da forma errada. Freud teoriza que o comportamento de multidões de consiste principalmente na ideia de que se tornar um membro de uma multidão serve para destravar a mente inconsciente. Isso ocorre porque o superego, ou centro moral da consciência, é deslocado pela multidão maior, para ser substituído por um líder da multidão carismático. Vale mencionar que é por isso que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche desenvolveu a teoria de forte e fraco em cima desses princípios: Os indivíduos que buscam a realização de suas metas, de se satisfazerem são os fortes, os guerreiros. Enquanto os fracos que vivem num mundo além do material vivem ressentidos e mesquinhos, e covardes. O fato é que em uma multidão, a experiência emocional compartilhada geral reverte para o mínimo denominador comum, levando a níveis primitivos de expressão emocional. Esta estrutura organizacional é a da "horda primal" - sociedade pré-civilizada - e Freud afirma que é preciso se rebelar contra o líder (restabelecer a moralidade individual) para escapar dela. O pensador Moscovici expandiu essa ideia, discutindo como ditadores como Mao Tse tung e Joseph Stalin usaram a psicologia de massa para se colocar nessa posição de "líder da horda", ou seja aproveitar os ressentimentos, e sentimentos destrutivos que uma nação compartilha para guia-los em um só sentido, assim como foi com o comunismo, fascismo, nazismo, grupos terroristas entre outros, e até mesmo a mídia tenta envolver a população e direcionar os seus sentimentos de ódio contra o que determinada emissora considera uma ameaça.


Conclusão

Normalmente sempre focamos nossa preparação para os lobos mas esquecemos como as ovelhas podem ser perigosas, quando estão em uma horda. Livre de identificação, julgamento moral e culpa podem colocar suas fantasias para fora para satisfazerem os seus impulsos que renegam no dia a dia em sua vida pacata de auto anulação. Saques de lojas, agressões em eventos esportivos, linchamentos aleatórios, são algumas demonstrações do quanto uma multidão pode ser perigosa. Seus atos se baseiam na satisfação instintos primitivos e não na razão. Não é a toa que muitos sistemas ditatoriais baseiam a seu domínio na mente de populares pelas emoções. Como doutrina de ódio, ou políticas pão em circo com a satisfação e prazer, como nos sistemas comunistas. Por isso como preparador e combatente urbano não se esqueça: durante uma crise até seus vizinhos podem se tornar uma grande ameaça dominados pelo medo, ódio, ou atrás de recursos. Visite nossa biblioteca e consulte as obras sobre criminologia das multidões. Bons Estudos.

Geralmente as ovelhas assustadas vão contra o cão pastor e não do lobo.


Dúvidas? sugestões? Deixem nos comentários. Se gostaram deem um curtir e compartilhem. E não esqueçam de clicar em um dos anúncios para nos ajudar a continuarmos com nosso trabalho. Muito obrigado.

Prof. Marcos Antônio Ribeiro dos Santos

Colaboração:

Dr. David S.



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Sobreviva à tudo e à todos. Seja o seu próprio Mestre. Autodefesa levada à sério.


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