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Efeito Lúcifer: O homem é o demônio do homem?

Atualizado: 24 de jan. de 2020



A vantagem de ser sobrevivencialista é aprender a pensar por conta própria, a seguir sua própria jornada para o autoconhecimento. Sem mestres, sem dogmas, sem doutrinas a seguir. Mas infelizmente vivemos em um mundo onde as outras pessoas buscam e seguem desesperadamente um sistema, seja uma doutrina política, religiosa, ideológica, pois são frágeis e acreditam não serem capazes de pensar e viver por conta própria, e isso as tornam perigosas. Na postagem de hoje vamos conhecer o efeito Lúcifer, onde as pessoas são capazes das maiores atrocidades quando sua responsabilidade é absorvida por um líder, seja político, religioso ou ideológico. Antes veja a imagem abaixo onde no oriente médio uma menina de nove anos é decapitada em público por que se recusou a ter relações sexuais com seu "marido", observe como a população assiste a cena calmamente, uma vez que tal ato hediondo recebeu viés cultural e religioso a milênios. 




Conformidade social e o caminho do mal

Em nossas mentes temos desejos reprimidos, as nossas sombras, porém o normal é que façamos uso de nossa bússola moral para reprimirmos tais instintos para . Muitas pessoas porém se escondem dentro de situações, dogmas, ideologias para praticar tais ações e estas serem absorvidas. Na obra: "O efeito Lúcifer: Como pessoas boas se tornam más" o psicólogo social  Philipp Zimbardo conhecido como o mentor de um famoso experimento em Stanford, o autor conta pela primeira vez a história completa dessa pesquisa, na qual um grupo de estudantes universitários voluntários foi dividido aleatoriamente em guardas e prisioneiros num ambiente de prisão simulado. Após uma semana, os estudantes transformaram-se em guardas violentos e sádicos ou em prisioneiros emocionalmente abalados. Ao investigar as causas psicológicas por trás de metamorfoses tão assustadoras, o autor nos permite entender melhor a variedade de fenômenos terríveis, que vão desde atos de prevaricação corporativa e genocídios organizados até como honrados soldados americanos passaram a abusar e torturar detentos iraquianos em Abu Ghraib sendo uma pesquisa rica e surpreendente sobre como o lado obscuro das pessoas pode emergir a partir de determinadas circunstâncias sociais.


Experiência de Milgram: Outro experimento que nos ilustra a perigosa volatilidade moral humana foi a Experiência de Milgram que foi uma experiência científica desenvolvida pelo psicólogo Stanley Milgram. A experiência pretendia inicialmente explicar os crimes bárbaros do tempo do Nazismo. Em 1964, Milgram recebeu por este trabalho o prêmio anual em psicologia social, atribuído pela American Association for the Advancement of Science. A experiência tinha como objetivo responder à questão de como é que os participantes observados tendem a obedecer às autoridades, mesmo que as suas ordens contradigam o bom-senso individual.


Milgram publicou um anúncio no jornal recrutando participantes para um estudo psicológico em troca de um salário. Quando as pessoas chegavam ao laboratório da Universidade de Yale, eram informados de que iriam participar de uma investigação sobre o aprendizado. Além disso, seu papel no estudo lhes era explicado: formular perguntar para outra pessoa sobre uma lista de palavras para avaliar sua memória.Na verdade, essa situação era uma farsa que escondia o experimento real. A pessoa pensava que estava fazendo perguntas para outra, que na verdade era um cúmplice do pesquisador. A missão da pessoa era fazer perguntas ao cúmplice sobre uma lista de palavras que anteriormente tinha memorizado. Caso acertasse, iria para a próxima palavra; caso errasse, nossa pessoa teria que dar um choque elétrico no cúmplice do investigador (na verdade, não se aplicavam os choques, mas a pessoa pensava que sim).


Era explicado para a pessoa que a máquina de descargas consistia de 30 níveis de intensidade. A cada erro que o infiltrado cometesse, ele deveria aumentar a força da descarga em um. Antes de iniciar o experimento, já haviam sido aplicados vários choques menores no cúmplice, que este já simulava como incômodos.

No início da experiência, o cúmplice vai respondendo as perguntas da pessoa corretamente e sem nenhum problema. Mas à medida que o experimento avança, ele começa a falhar e o sujeito tem que aplicar as descargas. A atuação do cúmplice era a seguinte: quando chegasse ao nível 10 de  intensidade ele tinha que começar a reclamar sobre o experimento e querer sair, ao nível 15 da experiência ele se recusaria a responder as perguntas e mostraria com determinação a oposição a elas. Ao atingir o nível 20 de intensidade, ele iria fingir um desmaio e, portanto, a incapacidade de responder as perguntas.


Em todo momento, o pesquisador pede para que a pessoa continue com o teste; mesmo quando o cúmplice está supostamente desmaiado, considerando a ausência de resposta como um erro. Para que a pessoa não caia na tentação de abandonar o experimento, o pesquisador a lembra de que ela se comprometeu a chegar ao fim e que toda a responsabilidade pelo que acontece é do pesquisador.


Antes de realizar as experiências, Milgram pediu para alguns colegas psiquiátricos que fizessem uma previsão dos resultados. Os psiquiatras pensaram que a maioria das pessoas abandonaria na primeira queixa do cúmplice, cerca de 4% atingiriam o nível em que simula o desmaio, e que apenas algum caso patológico, um em mil, chegaria ao máximo (Milgram, 1974 ).


Esta previsão foi totalmente errada, os experimentos mostraram resultados inesperados. Das 40 pessoas do primeiro experimento, 25 chegaram ao fim. Por outro lado, cerca de 90% dos participantes atingiram pelo menos o nível no qual o cúmplice desmaia (Milgram, 1974). Os participantes obedeciam o pesquisador em tudo; mesmo que alguns deles apresentassem altos níveis de estresse e rejeição, continuaram a obedecer.

Milgram foi informado de que a amostra poderia ser tendenciosa, mas este estudo foi amplamente replicado com diferentes amostras e planejamentos que podemos consultar no livro de Milgram (2016) e todos eles ofereceram resultados semelhantes. Inclusive um pesquisador em Munique encontrou resultados de que 85 por cento dos indivíduos chegaram ao nível máximo de descargas (Milgram, 2005).


Esses experimentos explicam e muito como movimentos religiosos, governos ditatoriais e grupos terroristas conseguem fazer seus participantes cometem tantas atrocidades sem qualquer questionamento. O sentimento de culpa ou senso moral é diluído, quantas vezes ouvimos nos noticiários sobre linchamento de inocentes onde a população local participou apenas por alguém ter apontado aquela pessoa como possível criminoso.


Zimbardo entende que a maldade é uma questão de poder. É o exercício de poder para intencionalmente infligir a alguém o mal psicológico ou físico. Ele identifica, então, os sete processos sociais capazes de tornar uma pessoa mais suscetível a cometer algum tipo de maldade:


1. Dar o primeiro pequeno passo sem pensar: normalmente algo quase insignificante, mas que abre as portas para abusos cada vez maiores e que, quando aumentado pouco a pouco, não se percebe o resultado final. Como um choque de 15 volts.


2. Desumanização do outro: é mais fácil fazer mal a alguém quando não se vê ou não se sabe quem é essa vítima. Os prisioneiros de Stanford não se chamavam John ou Peter, mas 416 e 325.


3. Desumanização própria: quando se está anônimo numa multidão, sua maldade é diluída entre os demais. O antropólogo R. J. Watson estudou 23 culturas em seus processos de ir à guerra. Dos oito povos que iam para a batalha sem pinturas ou ornamentos específicos, apenas uma tinha alto grau de violência, isto é: torturavam, mutilavam e/ou matavam seus inimigos. Mas dos outros quinze que mudavam a aparência (ou se escondiam atrás de óculos escuros espelhados e uniformes padronizados), tornando-se anônimos, doze matavam e mutilavam. Ou seja, das que matavam e mutilavam, 12 entre 13 mudavam a aparência. Mais de 90%.




4. Difusão da responsabilidade pessoal: quando um criminoso é linchado, a culpa é da multidão e não dos socos e pontapés individuais. Mais do que a covardia do grupo, representa a diluição da culpa.



5. Obediência cega à autoridade: como demonstrado por Milgram, a autoridade também funciona como para-raios para atribuição de culpa de quem apenas executa ordens.


6. Adesão passiva às normas do grupo: odiar a torcida adversária faz parte do ritual de vestir o uniforme do seu time - mesmo que o seu irmão esteja do outro lado da arquibancada. Mesmo que você odeie uma pessoa que nunca viu apenas por causa das cores que ostenta.


7. Tolerância passiva à maldade através da inatividade ou indiferença: muitas vezes o indivíduo não é o responsável direto pela maldade mas permite, inabalável, que ela seja praticada, conforme descrito no texto sobre Latané e Darley. Quando essa cadeia de eventos ocorre numa situação que não lhe é familiar, ou seja, onde seus habituais padrões de resposta não funcionam, você está pronto para perpetrar o mal - e nem se dará conta disso. Sua personalidade e princípios morais já estarão desligados.


Efeito Lúcifer. Veja abaixo uma criança doutrinada pelo ISIS a matar em nome da religião religião.




Obra indicada:




Lembre-se: O sobrevivencialista e combatente urbano faz seu próprio caminho, é o seu próprio mestre, não procure por um Mestre Yoda pra chamar de seu. Seja questionador, faça cursos em lugares credenciados com profissionais com experiência em área de segurança. Afinal autodefesa é um investimento para proteger a sua vida e daqueles que o cerca.

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Prof. Marcos Antônio Ribeiro dos Santos




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