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Dave Grossman: o criador da Killologia


Dave Grossman (nascido em 23 de agosto de 1956 em Frankfurt, Alemanha Ocidental ) é um autor americano que se especializou no estudo da psicologia da morte, que foi denominada " killologia ". Ele é um tenente-coronel aposentado do Exército dos Estados Unidos. Aqui no Brasil Grossman não é muito conhecido, já que suas obras são pouco divulgadas aqui. Porém muitos sobrevivencialistas e combatentes urbanos já ouviram as citações de suas obras sobre a tipologia da violência social: Cães pastores, ovelhas e lobos.


Esse grande estudioso escreveu obras e já ministrou palestras pelo mundo todo para forças militares, agências de inteligências, policiais e várias outras forças de inteligência do mundo todo. Graças a ele o combate urbano se desenvolveu e muito, de maneira científica e metodológica ampliando e muito sua eficiência. Seus apontamentos e metodologias possibilitaram as forças militares americanas ter uma eficiência operacional de 98 por cento, sendo que na segunda guerra era de vinte por cento e na Guerra do Vietnã era de setenta porcento. Nesta matéria vamos conhecer um pouco mais desse teórico muito importante para pessoas da área operacional, contudo pouco divulgado aqui no Brasil.


Biografia

A carreira de Grossman inclui serviço no Exército dos EUA como sargento na 82ª Divisão Aerotransportada , líder de pelotão na 9ª Divisão de Infantaria, oficial do estado-maior, comandante de companhia na 7ª Divisão de Infantaria (Leve), bem como soldado de infantaria de paraquedismo, US Army Ranger e professor de psicologia em West Point. Em fevereiro de 1998, Grossman aposentou-se das forças armadas como professor de ciência militar na Arkansas State University.


Trabalho

O primeiro livro de Grossman, "On Killing: The Psychological Cost of Learning to Kill in War and Society" é uma análise dos processos fisiológicos envolvidos em matar outro ser humano. Nele, ele revela evidências de que a maioria das pessoas tem uma resposta de nível de fobia à violência e que os soldados precisam ser especificamente treinados para matar. Além disso, ele detalha os efeitos físicos que o estresse violento produz em humanos, que vão desde a visão de túnel, mudanças na percepção sonora e transtorno de estresse pós-traumático. Robert Engen, em um artigo para o Canadian Military Journal criticou e elogiou "On Killing", dizendo: " É um excelente ponto de partida, porém há muitos problemas com sua interpretação para que sejam considerados a palavra final sobre o assunto.” A resposta de Grossman a Engen, impressa no mesmo jornal, aborda as críticas mostrando que sua metodologia, foram confirmadas em estudos científicos adicionais e experiências do mundo real e, além disso, têm sido a pedra angular do treinamento militar e policial por mais de meio século.


Em sua obra "Pare de ensinar nossos filhos a matar"um apelo à ação contra a violência na TV, no cinema e nos videogames, Grossman argumenta que as técnicas usadas pelos exércitos para treinar soldados a matar são espelhadas em certos tipos de videogames. A conclusão que ele tira é que jogar videogames violentos, particularmente tiro em primeira pessoa (onde o jogador segura um controle de jogo semelhante a uma arma), treina crianças no uso de armas e, mais importante, as fortalece emocionalmente à tarefa de matar, simulando a morte de centenas ou milhares de oponentes em um único jogo. Grossman usa uma linguagem contundente que atrai a ira dos jogadores - durante o auge da controvérsia dos videogames, ele foi entrevistado sobre o conteúdo de seus livros e usou repetidamente o termo "simulador de assassinato" para descrever jogos de tiro em primeira pessoa.


Seu terceiro livro de não ficção, "On Combat: The Psychology and Physiology of Deadly Conflict in War and in Peace" , é uma extensão do primeiro, com o objetivo de fornecer estratégias de enfrentamento para lidar com os efeitos fisiológicos e psicológicos da violência para pessoas forçadas a matar na sua linha de trabalho (soldados e policiais).


Desde sua aposentadoria do Exército, Grossman fundou o Grupo de Pesquisa Killology e ensina policiais e soldados a melhorar os resultados em confrontos letais. Ele também fala em eventos civis sobre maneiras de reduzir a violência na sociedade e lidar com as consequências de eventos violentos, como tiroteios em escolas .


Como um civil, Grossman foi uma testemunha especialista em vários casos em tribunais estaduais e federais e fez parte da equipe de acusação dos Estados Unidos contra Timothy McVeigh .



Crítica

Grossman é perseguido pela mídia americana que o chama de "criador de assassinos", porém isso está muito longe de ser verdade, pois seu trabalho ao contrário desta afirmação envolve desenvolver treinamento de soldados e operacionais de maneira humana, técnica e responsável para que eles possam cumprir suas missões sem desenvolver traumas, que além de destruir a vida do agente pode inúmeras gerar outras vítimas quando o soldado volta para casa com transtornos, isso foi muito visto infelizmente em muitos soldados da Guerra do Vietnã, conforme o próprio Grossman exemplifica em suas obras, quando voltaram para casa devido um treinamento que não levava em conta a estabilidade psicológica do combatente. Além disso Grossman é defensor e inclusive escreveu várias obras sobre a proteção das crianças sobre as exposições delas a material violento na mídia e jogos eletrônicos, e sobre como a violência repercute na sociedade.


A área de estudo, a Killologia, desenvolvida por Grossman busca apenas preservar a vida do operacional para evitar falhas, e assim proteger a população com um profissional mais eficiente na área de segurança já que trabalham em situações de combate extremo em suas guerras diárias seja como soldados no campo de batalha contra terroristas, ou como policiais e agentes de segurança no cenário urbano. E o treinamento buscando a humanização do operacional ainda lhe ajuda a não desenvolver futuramente psicopatologias próprias de uma profissão tão estressante.


Como exemplo de críticas contra Grossman temos o professor de justiça criminal da Universidade de Nebraska, Samuel Walker, caracterizou o treinamento de Grossman como "bom para os Boinas Verdes, mas inaceitável para o policiamento doméstico. Os melhores chefes de polícia do país não querem ter nada a ver com isso".


O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, baniu o que chamou de "treinamento baseado no medo", uma designação que incluía os seminários de Grossman, em 2019. Uma proibição estadual em Minnesota foi posteriormente sancionada em 2020.




Bibliografia


Não-ficção


• On Killing: The Psychological Cost of Learning to Kill in War and Society (1995), uma análise da psicologia de matar tanto nas forças armadas quanto na sociedade civil, que ele chama de killologia.

• Pare de ensinar nossos filhos a matar: um apelo à ação contra a violência na TV, no cinema e nos videogames (1999)

• On Combat: The Psychology and Physiology of Deadly Conflict in War and in Peace (2004).


Ficção


• The War with Earth (2003) (com Leo Frankowski )

• The Two-Space War (2004) (com Leo Frankowski)

• Kren of the Mitchegai (2005) (com Leo Frankowski)

• The Guns of Two-Space (2007) (com Bob Hudson)


Trabalhos de referência acadêmica


• Grossman, D., "Aggression and Violence", em Oxford Companion to American Military History, Oxford Press, 2000.

• Grossman, D., "Evolution of Weaponry," in Encyclopedia of Violence, Peace and Conflict, Academic Press, 2000.

• Grossman, D., & Siddle, BK, "Psychological Effects of Combat," in Encyclopedia of Violence, Peace and Conflict, Academic Press, 2000.

• Murray, KA, Grossman, D., & Kentridge, RW, "Behavioral Psychology", em Encyclopedia of Violence, Peace and Conflict, Academic Press, 2000.

• Grossman, Dave, "Duas Lições de Jonesboro: Conduzindo Debriefings de Incidentes Críticos e o Papel da Televisão em Alimentar a Necessidade de Inimigos".



Lembre-se: O sobrevivencialista e combatente urbano faz seu próprio caminho, é o seu próprio mestre, não procure por um Mestre Yoda pra chamar de seu. Seja questionador, faça cursos em lugares credenciados com profissionais com experiência em área de segurança. Afinal autodefesa é um investimento para proteger a sua vida e daqueles que o cerca. Sempre fi.

Dúvidas? Sugestões? Deixem nos comentários. E nos ajude a lutar por uma internet livre onde possamos aprender e compartilhar conhecimento, sem restrição.

Prof. Marcos Antônio Ribeiro dos Santos


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Sobreviva a tudo e a todos. Seja o seu próprio Mestre. Autodefesa levada à sério.


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