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Combate extremo: Paradigmas marciais e autossabotagem

Atualizado: 1 de ago. de 2019


Quando se começa a trilhar o caminho em busca do fortalecimento físico, a capacidade de autoproteção o caminho é difícil. Todos vendem o seu sistema como o mais "completo", como se fosse um pacote que você está comprando que vai abranger todas as situações possíveis e imagináveis. E ainda muitas vezes a pessoa começa a perguntar para colegas e amigos e mais uma vez todos dizem que a arte marcial que pratica é a mais completa, quando na verdade não exitem situações na área de segurança pré definidas, já que elas se definem pela situação de caos, imprevisibilidade. Sempre falo que o que se deve buscar é criar uma base para você poder ir atrás das matérias que sejam necessárias para a sua realidade levando em conta suas vantagens e limitações. Instrução de tiro? Imobilização? Combate corpo a corpo? Manuseio de bastões e lâminas? Tudo? A autodefesa deve seguir o estudo técnico e cientifico  uso progressivo, e ela é composta de determinação combativa (fazer o que for necessário para neutralizar a ameaça), prática combativa e técnica ( que visa melhorar as duas bases anteriores).


Ninguém se torna expert em segurança ou autodefesa, por causa de uma faixa preta ou por títulos em campeonatos. Como já disse em outras ocasiões quando entrei para a área de segurança comecei a pesquisar as histórias de vários professores de artes marciais. Histórias sobre terem combatido assaltantes armados na rua e levado na delegacia, casos de ter lutado com inúmeros agressores armados e depois sido elogiados com a chegada de policias e como devem adivinhar, tudo mentira. Nenhum deles tinha qualquer ocorrência envolvendo conflito na rua ou roubo. Esse tipo de profissional não se importa se você vai morrer reagindo a um assalto ou não, eles querem apenas deixar o seu estilo atrativo mesmo que pra isso tenha que mentir.


Apesar das grandes evoluções na área de autodefesa e a ampla divulgação de informações na área de segurança na internet infelizmente ainda permeiam na mente de uma grande parte das pessoas arquétipos arcaicos irremoviveis sobre autodefesa, daqueles que viamos nos filmes oitentistas na sessão "Kig Boxer" na TV. Onde geralmente o mocinho no final do filme invadia a mansão de um grande traficante com um verdadeiro exército de homens desarmados e os vencia a todos com as mãos nuas. Pode parecer absurdo que isso ocorrá ainda hoje, porém muitos como fundamentalístas religiosos extremistas defendem a arte marcial que pratica como se a associação ou federção fosse dele e não quer ver as limitações do estilo que pratica preso dentro de regras esportivas ou movimentos meramente coreografados, eles não se preocupam com  o principal ponto. Isso que pratico serveria para eu proteger minha família agora, nesse exato momento caso aparecesse uma situação extrema de conflito onde a vida deles estaria em risco? Muitos preferem a conformidade de ter em sua academia como um ponto de encontro para fazer amizades, brincar, um templo onde possa se refugiar das dificuldades e durezas da realidade  vida no dia a dia. Ou muitos tem medo de questionar se aquele profissional de "faixa preta" que está a sua frente está realmente a par sobre questões de segurança, se apesar dele ensinar desarme de arma de fogo, será que alguma vez disparou com uma arma de verdade, se entende sobre técnicas de tiro para falar sobre uma defesa realmente efetiva.


Recentemte fiz uma experiência e publiquei em redes sociais um vídeo onde crianças chinesas de 4 a 5 anos sofrem maus tratos sendo obrigados a praticarem exercícios extremos e colocados em situações angustiantes em práticas de artes marciais tradicionais como se estivessem em algum filme dos anos 70 de artes marciais.  No vídeo é possível ver as crianças chorando de dor com os exercícios abusivos. No fundo do vídeo colocarm uma musica oreiental inspiradora para dar ainda mais um ar espiritualidade  e tradição aos garotos "treinando" uma arte "milenar". Veja o vídeo abaixo:



Publiquei o vídeo em várias redes sociais com a descrição: "Imbecilidade marcial: essas crianças futuramente com menos de trinta anos terão graves problemas de saúde. Danos nas articulações: joelhlos, ombros, e coluna... Depois que publiquei esperando a reação dos praticantes tradicionais e obtive as mais absurdas resposta:


"Isso é cultural daquele país. Se o mestre passa, ele sabe o que faz?"


"As artes tradicionais são milenares e trenscendem a ciencia tradicional"


"Você já ouviu falar sofre energia cósmica?"


" A ciência não pode descrever uma prática esotérica."


Teve um comentário que fiz questão de responder para ver sua reação. O diálogo foi assim:


Praticante: Não terão nenhum problema por que os monges Shaolin praticam e nada acontece.


Eu: Mas monges Shaolins não existem mais, depois da terceira destruição do templo Shaolin e a ascensão de Mao Tse Tung o que sobrou é apenas um mosteiro taoista sob administração de um abade. Aqueles monges que ficam em volta do templo são praticantes marciais que ficam ali praticando formas para tirarem dinheiro de turistas desavisados atrás de selfs com os "famosos monges Shaolins" dos filmes. A arte chinesa que existe hoje foi desenvolvida no conselho de reestruturação da educação na China encabeçada por Mao Tse Tung em 1954, pois apesar de ter proibido as artes marciais de autodefesa ele entendia o apelo popular perante o mundo e decidiu criar uma versão esportiva: Sanda, Taolu, e Wushu. Com isso ele pôde vender e propagar a imagem das artes marciais antigas e tradicições chinesas que ele mesmo havia destruído de forma inofensiva tanto para a divulgação comercial da China no mundo como para o o próprio turismo.


Praticante: Boa pesquisa. Mas isso não explica por que terão problemas nas articulações e coluna que mencionou na descrição do vídeo.


Eu: Fiz curso de extensão de anatomia e fisiologia humana e colocar uma criança para descer e subir uma escada milhares de vezes, ficar carregando pesos, e ficar em posições absurdas com as pernas totalmente dobradas desafiando a gravidade e a mecânica do corpo destroem as articulações. Pratico autodefesa a 35 anos e todos os meus amigos e colegas daquela época que foram por esse caminho passaram por cirurgias justamente devido a essas práticas que hoje eles sabem que só prejudicaram.


Praticante: Sinto por eles, mas devem ter tido maus professores.


Eu: Basta olhar para o rosto das crianças e diz se isso é certo.


Praticante: É cultural.


Entendem? Se você busca seriamente uma forma de iniciar o desenvolvimento de sua autodefesa você só encontrará traçando seu próprio caminho, assim como o personagem Bruce Wayne no filme "Batman Begins" que buscou no mundo o que poderia servir dentro do que procurava. Fuja de modelos e padrões que são seguidos cegamente e figuras folclóricas e exóticas como samurais, ninjas, monges. Converse com profissionais da área de segurança, peça conselhos sobre o que praticam e se isso realmente os deixam seguro no dia a dia de suas profissões para realizar sua funções. Se quer alçar voo como as águias não nade com os patos.

Bruce Wayne percorre o mundo em busca da forma de combate perfeito para suprir suas necessidades no filme Batman Begins.



Para encerrar veja a experiência teórica abaixo para entender melhor o problema de se seguir cegamente padrões estabelecidos criando-se paradigmas.





Lembre-se: O sobrevivencialista e combatente urbano faz seu próprio caminho, é o seu próprio mestre, não procure por um Mestre Yoda pra chamar de seu. Seja questionador, faça cursos em lugares credenciados com profissionais com experiência em área de segurança. Afinal autodefesa é um investimento para proteger a sua vida e daqueles que o cerca.

Dúvidas? Sugestões? Deixem nos comentários. E nos ajude a lutar por uma internet livre onde possamos aprender e compartilhar conhecimento, sem restrição.

Prof. Marcos Antônio Ribeiro dos Santos.

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