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Combate Urbano: Briguei e apanhei, e agora? Parte 2

Atualizado: 4 de jan. de 2021



Tempos atrás escrevi um artigo sobre a perda de autoconfiança que muitas pessoas sofrem depois de perderem uma briga. Perder não é o fim do mundo, perder e ganhar faz parte do jogo da vida, mas como reagimos a situação é que nos definirá. A vergonha, a dor, a humilhação da derrota atinge muitas pessoas de forma marcante e profunda, pois elas se sentem como se fosse tirado uma parte importante, sua força interior. Recentemente recebi um relato de um dos nossos leitores que passou por uma situação desse tipo e me autorizou a compartilhar para ajudar outras pessoas. Esse rapaz contou que trabalhava em uma firma e que vivia falando que praticava determinada modalidade de luta oriental para os colegas desta empresa. O fato é que um dia na hora do almoço devido a um desentendimento com outro colega da empresa que o estava provocando entrou em luta corporal e apanhou, sem conseguir aplicar um único golpe contra o agressor, e que segundo ele só não apanhou mais por que os colegas separam, tirando o outro colega que o estava socando de cima dele. Depois disso ele pediu a conta por vergonha, e contou que consequentemente depois disso acabou evitando conflitos,não conseguindo mais se impor, sendo humilhado em diversas ocasiões. E mesmo quando tentava confrontar alguém a sua voz falhava ficando grave, deixando a situação mais constrangedora. Continuando a narrativa essa pessoa ainda contou que não adiantava buscar fazer outros estilos de luta ou qualquer coisa nesse sentido, pois a sua autoconfiança não voltava, ele se sentia apavorado só com a possibilidade de pensar num confronto, como se alguma coisa tivesse sido tirado dele naquela derrota. Ele só conseguiu super esse problema quando ele encarou a realidade, ele precisava de ajuda para superar aquilo, pois seu problema não era simples, a derrota na frente de pessoas conhecidas havia lhe causado um estresse pós traumático que toda vez que se via em situação de conflito um gatilho era acionado em seu cérebro, fazendo com que aquela sensação de fraqueza, derrota e medo que experimentou no passado voltasse. Nosso cérebro tem três formas de respostas quando estamos diante de um confronto: Correr, paralisar, ou enfrentar. No cérebro desse rapaz que narrou seu infortúnio havia se formado um gatilho como disse acima, toda vez que aparecia um estimulo (conflito) seu cérebro respondia com paralisia diante da situação ou fugia. Mas o mais importante para nós aqui como combatentes urbanos é como ele deu a volta por cima?


Como eu disse, em primeiro lugar ele se conscientizou que tinha um problema e que precisava ser resolvido. E depois de tentar procurar a resolução procurando outras modalidades de luta, lendo livros sobre autoajuda, conselhos de parentes , percebeu que mesmo assim sozinho não conseguia resolver, sentir a confiança que tinha antes. Assim, procurou tratamento junto a profissionais: Um psiquiatra (que lhe prescreveu remédio para aumentar a produção de dopamina para combater o sentimento de pânico e estresse pós traumático) e procurou um psicólogo que conseguiu desfazer o gatilho que havia se instaurado em sua mente, e com isso ele contou que em pouco tempo conseguiu se livrar do fantasma da vergonha e do medo, conseguiu virar a página e sentiu como se aquilo nunca tivesse acontecido com ele. Hoje ele conta que trabalha na área de segurança privada e é professor de Muay thai, chegando a participar de campeonatos.


O psicólogo canadense Jordan Peterson explicou este fenômeno em seu livro 12 regras para a vida, onde ele demonstra que no reino animal é muito comum. Quando o animal perde uma disputa, seja por território ou por fêmeas, seu cérebro muda, deixa de produzir hormônios responsáveis pelo bem estar e autoconfiança, fazendo que o animal ande mais encolhido e evite confrontos a partir dai. O vencedor ao contrário seu cérebro tem uma produção hormonal maior criando caminhos neuronais de "vencedor", fazendo que ande com movimentos mais amplos e acredite em sua força. Nós seres humanos assim como os demais animais também somos assim, quem nunca viu o que acontece com um grande lutador invicto em determinada modalidade quando tem sua primeira derrota? Tudo muda, sua desenvoltura, fluidez, e começa a ter várias derrotas subsequentes, um ótimo exemplo são lutadores lendários como lutador de Boxe Mike Tyson, e o lutador Anderson Silva do MMA. Como podemos ver a derrota em si não é o problema, mas como a nossa mente interpreta a derrota destruindo nossa imagem orgulhosa de invencível, e arquiva está informação. Devemos estar atento a esse processo, pois toda a batalha começa na mente e se nossa mente de alguma forma está desequilibrada dificilmente alcançaremos nosso objetivo de nos tornarmos um bom combatente urbano. Sempre faça um autoexame, medite e reflita. E caso encontre alguma limitação para encontrar sozinho a superação de seus problemas busque profissionais que possam te ajudar para que possa a partir dai evoluir. Para se tornar um guerreiro perfeito é necessário investir: investir em pesquisas de bons materiais (livros, vídeos), investir em cursos teóricos e práticos de boa qualidade investir em tempo para um autoexame.


Lembre-se: O sobrevivencialista e combatente urbano faz seu próprio caminho, é o seu próprio mestre, não procure por um Mestre Yoda pra chamar de seu. Seja questionador, faça cursos em lugares credenciados com profissionais com experiência em área de segurança. Afinal autodefesa é um investimento para proteger a sua vida e daqueles que o cerca. Sempre fie.

Dúvidas? Sugestões? Deixem nos comentários. E nos ajude a lutar por uma internet livre onde possamos aprender e compartilhar conhecimento, sem restrição.


Prof. Marcos Antônio Ribeiro dos Santos


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