Muitas pessoas procuram a autodefesa depois que passaram por alguma situação difícil em sua vida. Como disse em outra postagem tive um aluno que foi vítima de bullying e mesmo depois de adulto ainda se sentia inseguro e com medo. E isso "atraia" problemas para ele mesmo adulto, no trabalho e cursos que fazia pois as pessoas percebiam facilmente sua inadequação, e as pessoas que eram maldozas agiam com provocações e deboches. Tinha uma postura encolhida, travada, e falava muito baixo. Ele faltava nas aulas de combate, com o tempo ele se sentiu mais a vontade e me falou das sua dificuldades, e de sua história. Contou várias situações onde foi alvo de humilhação e cada vez mais se sentia afundando, não querendo interagir com outras pessoas.
Nesta matéria vamos falar um pouco mais sobre como você pode fugir desta situação que chamo de "ciclo infinito de vitimização (CIV)".
Reconhecendo o ciclo infinito de vitimização (CIV)
A pessoa que passa por traumas, seja: abuso infantil, bullying ou mesmo uma situação traumática depois de adulta em um crime, por exemplo, como vítima de roubo, sequestro, ou estupro, pode sofrer toda uma alteração na sua estrutura neural, de como seu cérebro percebe e responde ao mundo. Seu cérebro começa a trabalhar como de vítima, a fazendo andar encolhida, assustada, apressada, exalando medo. E este medo não passa despercebido por agressores seja bullers, assaltantes, etc, pois os lobos (agressores sociais) estão sempre atrás das ovelhas mais fracas do rebanho para atacar e conseguir seus objetivos, seja roubar ou simplesmente autoafirmar sua força. E assim cada vez mais a pessoa vai atraindo mais e mais atenção de agressores e se enfraquencendo psicológicamente mais e mais podendo desenvolver diversas psicopatologias como transtorno evitativo, agorafobia, depressão profunda e até mesmo pensamentos suícidas.
Ciclo infinito de vitimização (CIC)
Os agressores atacam aqueles que sentem ser fracos é um instinto natural. O Tenente-coronel Dave Grossman em sua obra "On Killing" fala sobre o instinto de perseguição, que na maioria dos animais que faz com que até mesmo um cão bem treinado e não agressivo persiga e puxe qualquer coisa que correr. Enquanto você estiver de costas, fugindo estará em perigo, será a presa. Me lembro na época da escola no ginásio de um rapaz que começou a ser perseguido por um aluno metido a valentão que nem mesmo era muito mais forte que ele. Mas por algum motivo o rapaz não reagia, e as agressões foram escalonando, começaram com empurrões, depois pegar o material e arremessar longe, soco no estômago, depois as agressões foram para o nível moral cuspe no rosto, e tapa na cara. Os outros colegas falavam para ele reagir, depois começaram a provocá-lo: vira homem! Não seja covarde! Um dia inesperadamente para o espanto de todos ele reagiu, o valentão não deu nem pro começo, no final ele o agarrou pelo pescoço e a luta terminou. O valentão a partir daí sempre passava de cabeça baixa perto dele. O rapaz voltou a curtir a escola normalmente e descobriu que todo o medo de reagir era uma ilusão, acredito que ele percebeu que o pior era continuar sofrendo aquilo e ainda ser visto como menos homem, menos masculino pelos colegas, um covarde, que também estavam começando a provocá-lo.
Pra quem do lado de fora pode ser difícil entender a atitude deste rapaz, a demora de reagir, porém mais pra frente descobri que seu pai era abusivo, e sempre o espancou. Assim algumas pessoas que são vítimas de violência doméstica, bullying, ou de algum trauma decorrente a um ato de violência eles vivem numa espécie de inferno psiquico. Quando ele identifica uma situação que considera perigosa a adrenalina que seria útil para preparar seu corpo para o combate só lhe deixa duas opções: paralisia ou fuga! Então qual a resposta para isso?
Cerébro normal (à esquerda) e cérebro com depressão (à direita) pode se observar que as áreas ativas são diferentes e consequentemente o funcionamento do cérebro também será diferente, tendo uma percepção anomala do mundo.
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